terça-feira, 24 de fevereiro de 2015 0 comentários

Três Fases.


Três Fases



Minha vida se divide em três fases. Na primeira, meu mundo era do tamanho do universo E era habitado por deuses, verdadeiros e absolutos. Na segunda fase meu mundo encolheu, ficou mais modesto e passou a ser habitado por heróis revolucionários que portavam armas e cantavam canções de transformar o mundo. Na terceira fase, mortos os deuses, mortos os heróis, mortas as verdades e os absolutos, meu mundo se encolheu ainda mais e chegou não à sua verdade final mas a sua beleza final: ficou belo e efêmero como uma jabuticabeira florida.


Rubens Alves


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015 0 comentários

Não Espere !

Não espere um sorriso para ser gentil.
Não espere ser amado para amar.
Não espere ficar sozinho para reconhecer o valor de um amigo...
Não espere ficar de luto para reconhecer quem hoje é importante em sua vida...
Não espere o melhor emprego para começar a trabalhar...
Não espere a queda para lembrar-se do conselho...
Não espere a enfermidade para reconhecer quão frágil é a vida...
Não espere a pessoa perfeita para então apaixonar-se...
Não espere a mágoa para pedir perdão...
Não espere a separação para buscar a reconciliação...
Não espere a dor para acreditar em oração...
Não espere elogios para acreditar em si mesmo...
Não espere ter tempo para servir...
Não espere que o outro tome a iniciativa se você foi o culpado...
Não espere ter dinheiro aos montes para então contribuir...
Não espere o dia de dar adeus sem antes contar que amava...


Autor desconhecido
quarta-feira, 31 de dezembro de 2014 0 comentários

Feliz 2015

mensagens de fim de ano
quarta-feira, 19 de novembro de 2014 0 comentários

A Liberdade do Arreio

                                                        A Liberdade do Arreio



Há dois tipos de férias. O primeiro é quando o cavalo cansado, magro, castrado, vai para uma campina verde, sem ninguém que lhe dê ordens, sem hora pra levantar, sem nada pra fazer, é só vadiar, pastar, descansar, correr, dormir, fazer o que lhe der na telha! Que felicidade! Bom seria que a vida toda fosse assim! Mas o tempo corre rápido. Passadas duas semanas, descansado e gordo, é hora de voltar para onde estava antes, para o cabresto, a cerca, o arreio, a carroça, as esporas e o chicote, para isso que se chama “realidade”. É hora de retomar o trabalho no lugar onde ele o havia deixado. Ah! Todo cavalo precisa de férias para agüentar mais um ano de trabalho duro… Descansar para trabalhar! As empresas sabem disso. Se dão férias para os seus cavalos não é porque os amem em liberdade. É porque precisam deles na sua volta, revigorados e trabalhadores, agradecidos à empresa que lhes dá férias. E há mesmo os cavalos que, ao final das férias, começam a sentir saudades do arreio e da carroça, querem voltar, porque se cansam da liberdade. Todo mundo diz que quer liberdade. É mentira. A liberdade traz muita confusão à cabeça. Melhores são as rotinas que nos livram da maçada de ter que tomar decisões sobre o que fazer com a liberdade. Quem tem rotinas não precisa tomar decisões. A vida já está decidida. O cavaleiro nem precisa puxar a rédea: o cavalo sabe o caminho a seguir. O segundo tipo é quando as férias produzem uma perturbação não esperada na cabeça do cavalo. Aqueles campos verdes sem cercas começam a mexer lá no fundo da sua alma, justo no lugar onde estava enterrado o cavalo selvagem que ele fora um dia, antes do cabresto, do arreio e da castração. E aí um milagre acontece: o cavalo selvagem morto ressuscita, se apossa do corpo do cavalo doméstico que vira outro, e até reaprende as esquecidas artes de relinchar, de empinar, de saltar cercas, de disparar a galope pela pura alegria de correr, imaginando-se um ser alado, Pégaso, voando pelas pastagens azuis do céu e pulando sobre as nuvens… É tão bom… E, de repente, deitado sob uma árvore, ele se lembra de que está chegando a hora de voltar… Mas ele não quer voltar. Quer ficar. Surgem então, na sua cabeça, perguntas que nunca fizera: “Por que é que eu volto sempre? Será mesmo preciso voltar? Estou condenado ao cabresto, arreio e castração? É isso que é a vida? Por que voltar se não quero? Volto porque é preciso? Mas será preciso mesmo? Minha vida não pode ser diferente?”
Essas idéias malucas só acontecem quando o cavalo está só com os seus pensamentos. Férias em solidão são perigosas. É por isso que muitas empresas fazem colônias de férias para os seus empregados. Para que não fiquem sozinhos. Para que não pensem pensamentos doidos. Juntos, eles pensam os pensamentos que todos pensam. Pensamentos normais. Os de sempre. O mesmo. Sobre o que conversam os cavalos domésticos nas colônias de férias? Eles conversam sobre cabrestos, arreios, carroças, cavaleiros, carroceiros… E assim, os cavalos selvagens continuam enterrados…

Rubens Alves
Escrito, Educador e Psicanalista
sábado, 28 de junho de 2014 0 comentários

Moralidade e Felicidade


felicidade é o estado em que se encontra no mundo um ser racional para quem, em toda a sua existência, tudo decorre conforme o seu desejo e a sua vontade; pressupõe, por consequência, o acordo da natureza com todo o conjunto dos fins deste ser, e simultaneamente com o fundamento essencial de determinação da sua vontade. Ora a lei moral, como lei da liberdade, obriga por meio de fundamentos de determinação, que devem ser inteiramente independentes da natureza e do acordo dela com a nossa faculdade de desejar (como motor). Porém, o ser agente racional que actua no mundo não é simultaneamente causa do mundo e da própria natureza. Assim, pois, na lei moral não há o menor fundamento para uma conexão necessária entre a moralidade e a felicidade, com ela proporcionada, num ser que, fazendo parte do mundo, dele depende; este ser, precisamente por isso, não pode ser voluntariamente a causa desta natureza nem, no que à felicidade respeita, fazer com que, pelas suas próprias forças, coincida perfeitamente com os seus próprios princípios práticos.
E, todavia, no problema prático que a razão pura nos prescreve, isto é, na prossecução do soberano bem, tal acordo é postulado como necessário: devemos procurar realizar o soberano bem, que, por consequência, tem de ser possível. Por conseguinte, postular também a existência de uma causa de toda a natureza,distinta da própria natureza que encerra o fundamento de tal conexão, isto é, a exacta harmonia da felicidade e da moralidade. Mas esta causa suprema deve conter o fundamento do acordo da natureza, não só com uma lei da vontade dos seres racionais, mas com a representação dessa lei, na medida em que eles fazem dela o motivo supremo da sua vontade, e, por consequência, não só apenas com a forma dos costumes, mas com a própria moralidade como fundamento determinante, isto é, com a intenção moral. 
O soberano bem não é, portanto, possível no mundo, a não ser que se admita uma natureza suprema dotada de causalidade conforme a intenção moral. Ora um ser capaz de agir segundo a representação de certas leis é uma inteligência (ser racional) e a causalidade de tal ser, segundo essa representação das leis, é uma vontade. Portanto, a causa suprema da natureza, como condição do soberano bem, é um ser que, por razão e vontade, é a causa, por conseguinte, o autor da natureza, isto é, Deus. 

Emmanuel Kant, in 'Crítica da Razão Prática
sábado, 21 de junho de 2014 0 comentários

Platão e a Moral

Platão

Moral

Segundo a psicologia platônica, a natureza do homem é racional, e, por conseqüência, na razão realiza o homem a sua humanidade: a ação racional realiza o sumo bem, que é, ao mesmo tempo, felicidade e virtude. Entretanto, esta natureza racional do homem encontra no corpo não um instrumento, mas um obstáculo - que Platão explica mediante um dualismo filosófico-religioso de alma e de corpo: o intelecto encontra um obstáculo nos sentidos, a vontade no impulso, e assim por diante. Então a realização da natureza humana não consiste em uma disciplina racional da sensibilidade, mas na sua final supressão, na separação da alma do corpo, na morte. Agir moralmente é agir racionalmente, e agir racionalmente é filosofar, e filosofar é suprimir o sensível, morrer aos sentidos, ao corpo, ao mundo, para o espírito, o inteligível, a idéia.
Em todo caso, visto que a alma humana racional se acha, de fato, neste mundo, unida ao corpo e aos sentidos, deve principiar a sua vida moral sujeitando o corpo ao espírito, para impedir que o primeiro seja obstáculo ao segundo, à espera de que a morte solte definitivamente a alma dos laços corpóreos. Noutras palavras, para que se realize a sabedoria, a contemplação, a filosofia, a virtude suma, a única virtude verdadeiramente humana e racional, é necessário que a alma racional domine, antes de tudo, a alma concupiscível, derivando daí a virtude da temperança, e domine também a alma irascível, donde a virtude da fortaleza. Tal harmônica distribuição de atividade na alma conforme a razão constituiria, pois, a justiça, virtude fundamental, segundo Platão, juntamente com a sapiência, embora a esta naturalmente inferior. Temos, destarte, uma classificação, uma dedução das famosas quatro virtudes naturais, chamadas depois cardeais - prudência, fortaleza, temperança, justiça - sobre a base da metafísica platônica da alma.
Quanto ao destino das almas depois da morte, eis o pensamento de Platão: em geral, o destino da alma depende da sua filosofia, da razão; em especial, depende da religião, dos mistérios órfico-dionisíacos. Em geral, distingue ele três categorias de alma:
1. As que cometeram pecados inexpiáveis, condenadas eternamente;
2. As que cometeram pecados expiáveis;
3. As que viveram conforme à justiça. As almas destas últimas duas categorias nascem de novo, encarnam-se de novo, para receber a pena ou o prêmio merecidos. Segundo o pensamento que lemos no Fédon, seria mister acrescentar uma quarta categoria de almas, as dos filósofos, videntes de idéias, libertados da vida temporal para sempre.
Meus Agradecimentos:Texto elaborado por Rosana Madjarof 
quinta-feira, 12 de junho de 2014 0 comentários

Amor Ou Posse?

Amor ou Posse?O nosso «amor pelo próximo» não será o desejo imperioso de uma nova propriedade? E não sucede o mesmo com o nosso amor pela ciênica, pela verdade? E, mais geralmente, com todos os desejos de novidade? Cansamo-nos pouco a pouco do antigo, do que possuímos com certeza, temos ainda necessidade de estender as mãos; mesmo a mais bela paisagem, quando vivemos diante dela mais de três meses, deixa de nos poder agradar, qualquer margem distante nos atrai mais: geralmente uma posse reduz-se com o uso. O prazer que tiramos a nós próprios procura manter-se, transformando sempre qualquer nova coisa em nós próprios; é precisamente a isso que se chama possuir.
Cansar-se de uma posse é cansar-se de si próprio. (Pode-se também sofrer com o excesso; à necessidade de deitar fora, pode assim atribuir-se o nome lisonjeiro de «amor). Quando vemos sofrer uma pessoa aproveitamos de bom grado essa ocasião que se oferece de nos apoderarmos dela; é o que faz o homem caridoso, o indivíduo complacente; chama também «amor» a este desejo de uma nova posse que despertou na sua alma e tem prazer nisso como diante do apelo de uma nova conquista. Mas é o amor de sexo para sexo que se revela mais nitidamente como um desejo de posse: aquele que ama quer ser possuidor exclusivo da pessoa que deseja, quer ter um poder absoluto tanto sobre a sua alma como sobre o seu corpo, quer ser amado unicamente, instalar-se e reinar na outra alma como o mais alto e o mais desejável. 

Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'
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