Na Antiguidade o adoecer era considerado uma manifestação de forças sobrenaturais, sendo a cura buscada em rituais religiosos. As práticas terapêuticas e as concepções de vida, de saúde e de morte eram intimamente ligadas a essas crenças.
Na civilização assírio-babilônica (III milênio a.C.) curas rituais e mágicas coexistiam com tentativas de estabelecer procedimentos por analogia, com referencia à mitologia, à metafísica e à astronomia. No Egito Antigo, junto as crenças religiosas emergiram princípios de um raciocínio analógico na compreensão dos sintomas e na escolha terapêutica. Datado de cerca de 1500 a.C., o papiro Ebers já esboçava uma descrição do corpo humano, de suas doenças e de quadros clínicos detalhados, acompanhados de procedimentos terapêuticos e de prognósticos. No século V a. C, Heródoto assinalava a divisão em especialidades na medicina egípcia. O Antigo Testamento preconizava medidas de profilaxia e de higiene pessoal e coletiva por intermédio de regras alimentares e de organização social.
No século VI a.C., os filósofos pré-socráticos, buscavam um princípio que explicasse a unidade da natureza, tentando situar o corpo e suas doenças na trama das forças do Universo. Tales de Mileto questionou a origem divina dos fenômenos da natureza. Aleméon, de Cretone, sustentava que a saúde era expressão do equilíbrio do Homem com o Universo. Empédocles, de Agrigento, sustentava que o corpo era formado por quatro elementos, fontes dos “humores”. Estes estariam subordinados à luta permanente entre o amor (fonte de integração) e o ódio (fonte de desintegração).
Segundo Volich (2000), a partir de Sócrates, gradualmente surgiu à idéia de que o homem seria constituído não apenas por um substrato material, mas também de uma essência imaterial, vinculada aos sentimentos e à atividade do pensamento, a alma. No âmbito da medicina, essa discussão determinou diferentes vertentes na compreensão da doença, da natureza humana e da função terapêutica.
Hipócrates, nascido na Ilha de Cós, por volta de 460 a.C. construiu uma medicina naturalista, baseada em uma metodologia e deontologia específicas. Para ele o corpo humano era um todo cujas partes se interpenetram. Hipócrates introduziu a idéia de unidade funcional do corpo, onde a alma exerce uma função reguladora. O homem era uma unidade organizada, que poderia desorganizar-se, o que propiciaria a emergência de uma doença.
O termo “psicossomático” foi utilizado pela primeira vez em 1818 por Heinroth, psiquiatra alemão, Ao fazer referência a insônia e a influência das paixões na tuberculose, epilepsia e cancro. No século seguinte as descobertas de Freud permitiram uma melhor compreensão desses fenômenos. Em 1922 Deutsch reintroduziu esse termo em Viena.
Neves (1998) destaca que as afecções psicossomáticas estão para o final do século XX, assim como as histerias estiveram para o final do século XIX. A autora traça algumas linhas de desenvolvimento da psicossomática, destacando as contribuições de Franz Alexander e seus colaboradores da Escola de Chicago, e os trabalhos de Spitz e da Escola Psicossomática de Paris. Franz Alexander e seus colaboradores desenvolveram uma teoria que buscava as relações entre emoções reprimidas e sua repercussão no plano físico, levando aos sintomas. A partir de 1950, com os trabalhos de Spitz observou-se a decisiva influência que a ausência da figura materna exerce no plano da psicopatologia, e constatou-se que essa ou outras ausências no psiquismo aumentavam a disposição à doença. Em 1962 surge a Escola Psicossomática de Paris, representada por Pierre Marty, Chistian David, Michel Fain e Michel M’Uzan; e em 1972 foi criado o Instituto de Psicossomática, sob a direção de Pierre Marty, com a finalidade de formar psicossomaticistas, promover a pesquisa e fornecer atendimento clínico.
Volich (1998) destaca que desde sua origem a psicossomática foi marcada pelas descobertas de freudianas, durante toda a sua obra Freud apresenta uma reflexão entre o psíquico e o somático. O modelo etiológico da histeria e da neurose atual constituem as primeiras referências dapsicanálise para pensar a relação entre fatores psíquicos e doenças orgânicas. Todos os pioneiros da psicossomática tiveram contato com as formulações freudianas, reconhecendo as contribuições desta para as suas teorias.
Fonte: História da Psicossomática - Psicossomática - Psicologado Artigos http://artigos.psicologado.com/psicossomatica/historia-da-psicossomatica#ixzz1zmcBtofI
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