quinta-feira, 21 de junho de 2012
Psicossomática IV
A Linguagem do Corpo No Adoecer
Para uma melhor compreensão de Psicossomática, citamos Luiz Miller de Paiva, em seu livro Medicina Psicossomática, onde define: “Doença psicossomática é uma manifestação expressa predominantemente pelo sistema vegetativo (simpático e parassimpático) ou pelos hormônios (...). A doença psicossomática não é somente o intento de expressão de uma emoção e sim uma resposta fisiológica das vísceras a constantes estados emocionais”.
Dessa forma, temos que psicossomática “é o estudo pormenorizado da correlação íntima entre psiquismo e as manifestações orgânicas ou funcionais, incluindo reações individuais a certas doenças assim como as implicações pessoais e a sua conduta social motivadas pela doença.” (mesmo autor)
Os somaticistas são levados a considerar, de maneira cada vez mais explícita, o fato de que um corpo, sadio ou doente, é sempre um corpo de relação com o meio, envolvido por emoções, animado por movimentos afetivos, e que os psiquiatras, psicólogos ou psicanalistas, tendem a ver, ao funcionamento somático e nos seus desequilíbrios, um dado constantemente intrincado com a vida psíquica e indissociável da noção de equilíbrio psíquico do indivíduo. Sugerem a importância em buscar na biografia de um paciente e no conhecimento de sua organização psíquica, o apoio para alcançar uma compreensão mais global de sua doença.
Assim, a psicossomática visa estender a compreensão dos fatores de morbidade à esfera psíquica. Não se limita a oferecer ao profissional de saúde, armas suplementares para tratar o corpo ou preservar a sua integridade. É muito mais que isso: a psicossomática valoriza o papel das forças mentais na conservação ou perda do bem-estar de um indivíduo, aumentando assim, o domínio que o homem pode subtrair, por sua própria vontade e livre arbítrio, ao determinismo das leis da matéria; ela desmantela a tendência à repetição, impede a submissão ao incurável, enfraquece o poder da morte.
Para Adolpho Menezes de Melo, psiquiatra, psicanalista, é impossível pensar na promoção da saúde em uma abordagem não psicossomática; se assim ao fizermos, estaríamos estudando um ser inexistente: o ser humano sem psique, sem alma.
Admite a Psicossomática como uma filosofia de trabalho, um plano de vida, uma postura, um posicionamento do profissional diante do seu paciente e mais que isso, diante de pessoas que não sejam seus pacientes. Vê a Psicossomática como uma filosofia de vida
Compreender os fenômenos psicossomáticos para ele implica necessariamente em que reconheçamos o nosso lugar no universo; que percebamos o que sabemos e o que não sabemos tendo a consciência que quanto mais sabemos, menos sabemos. Essa percepção do que eu sei e do que eu não sei, implica em uma postura de humildade.
Aponta que somente na relação com o paciente, quando aceitamos as suas qualidades e as suas dificuldades, é que podemos percebê-lo como uma pessoa em experiência na vida e respeitá-lo nas suas atuais condições. É dessa forma que poderemos dar o primeiro passo para tentar ajudá-lo.
Na próxima semana, estaremos continuando a nossa reflexão sobre Psicossomática - A Linguagem do Corpo no Adoecer e suas implicações com a Psicologia Hospitalar e da Saúde.
“Toda pessoa carente de saúde é, antes de tudo,uma PESSOA, mesmo quando as suas condições físicas e psíquicas o pareçam negar...”
(Mezomo – I Congresso Brasileiro de Humanização do
Hospital e da Saúde. SP, 1980)
Alaide Degani de Cantone
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário