sábado, 17 de agosto de 2013

O Príncipe e o Filósofo


O príncipe Hi-Chang-Li era vaidoso e fútil.
Um dia, ao regressar de um passeio em companhia de vários amigos, encontrou Confúcio. O venerável filósofo, sentado na laje de um poço, meditava tranqüilo.
  - Eis uma oportunidade feliz- declarou o príncipe. – Consultemos esse famoso pensador sobre as dúvidas que nos ocorreram durante a excursão.
   Um dos mandarins aproximou-se de Confúcio e interrogou-o:
     - Em que consiste, ó esclarecido filósofo!, a verdadeira Caridade?
     - Em amar os homens!- foi a resposta.
    - E a Ciência?
    - Em conhecer os homens!
    - E o Erro?
    - Em confiar nos homens!
    - E qual a arte mais difícil?
    - Governar os homens!
 Ao ouvir aquelas respostas, disse o príncipe, em voz baixa, ao mandarim:
    - Noto que o velho retórico insiste em formar as respostas da mesma forma, relacionado-as, invariavelmente, com os homens. Irrita-me essa preocupação maníaca. Pretende, com certeza, diverti-se a nossa custa. É preciso interrogá-lo de modo que ele se veja obrigado a modificar o estribilho.
   - Nada mais simples- rosnou, entre dentes, o mandarim.
   - Podes dizer-me, ó eloqüente filosofo!, quantas estrelas há no céu?
     Respondeu o Mestre:
   - São tantas quantos os pecados, erros, defeitos e imperfeições dos homens!
      E depois de proferir tais palavras, levantou-se vagaroso e afastou-se dos indesejáveis arguidores.

Conto de Malba Tahan

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