Mauricio A. Guerriere
Um rapaz sedento de saber ouviu falar acerca de um
velho filósofo que vivia numa
casa de madeira próxima à floresta. Pouco se sabia
das atividades deste velho, muito
menos de sua juventude. Mas motivado por uma
curiosidade pujante, o rapaz dirigiu-se
à casa do filósofo com o intuito de iniciar-se na
arte de filosofar. Para o jovem isso lhe
traria tranqüilidade e paz interior. Imaginou-se um
daqueles discípulos orientais que procuram um mestre asceta para encaminhá-lo
nas virtudes do espírito e do
transcendente.
Munido com um caderno e uma caneta, o jovem bateu à
porta da casa de madeira.
Após alguns segundos a porta se abriu e surgiu a
imagem de um velho moreno, quase
careca, com uns óculos redondos pousados sobre o
nariz. Usava calças largas e
sandálias franciscanas. Ao ver o jovem, esboçou na
face um leve espanto.
- Pois não? – disse.
- pode parecer besteira... o senhor é filósofo, não
é? Pois bem... eu gostaria de
aprender filosofia, mas se não der, tudo bem...
O velho filósofo fez uma expressão interrogativa e
permaneceu em silêncio por alguns
segundos.
- Aprender filosofia... acredita que eu possa lhe
ensinar? – prosseguiu o velho.
- Tenho certeza disso! – querendo agradar – acho que
o senhor é um grande sábio,
não é?
- Se eu disse que sim, filho, já seria um péssimo
professor. Quem neste mundo é
sábio? Existem muitos? Não creio, pois o mundo
continua perverso. – e acrescentou
fazendo um gesto vago – entre, filho. Não tem medo?
- Não, de jeito nenhum – respondeu o jovem terminando
de anotar as palavras do velho
em seu caderno - não tenho medo não.
- Isso já é um bom começo.
O velho foi entrando e o rapaz o seguiu com o
caderno. O filósofo voltou-se e disse: -
Ah, deixe seu caderno aí fora. Na saída você pega.
O jovem ficou confuso, mas atendeu à solicitação.
Entraram em uma sala com várias
almofadas pelo chão e o anfitrião convidou o
visitante para sentar-se. Havia uma janela
de vidro fechada no centro da parede que
possibilitava a visão dos fundos da casa. Era
uma bela paisagem. Na mesma sala havia uma estante
repleta de livros e uma
escrivaninha ao lado.
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